O que fazer
Até 10 Quilómetros
Murais em Maljoga & Trilho da Aldeia (3,4 km)
A resinagem, a pastorícia e a recolha da cortiça, mas também o jogo da macaca e o futebol, são alguns dos elementos retratados por João Gama, artista plástico natural de Castelo Branco, no mural que pintou junto à sede da Associação Cultural Recreativa Desportiva e Social da Maljoga e da Capela desta localidade, num painel de 32 metros de comprimento por dois de altura. Noutra parte desta aldeia ribeirinha, utilizando a mesma arte e o mesmo artista, foram homenageados alguns ofícios ligados à aldeia, como o latoeiro, o cordoeiro ou o apicultor. Na Maljoga pode ainda caminhar pelo trilho da aldeia que leva os caminheiros até às margens da Ribeira da Isna, passando por pontos emblemáticos como o moinho e as suas levadas.
Mural em Cimadas (5,2 km)
O mural foi desenhado no muro da requalificada eira das Cimadas, aldeia que acolheu os pintores Silvia Matyhs e Cavalheiro Cardoso há vários anos. Segundo Silvia Mathys, “este mural retrata precisamente a eira, local utilizado para malhar o pão, ideia formada pelos Cimadenses, principalmente daqueles que costumavam participar no processo de transformação. O nosso principal objetivo era trazer a memória de todos estes momentos e ser fiel aos nossos costumes. Para a concretização, foi essencial a ajuda dos Cimadenses, em especial de Virgílio Moreira, que nos forneceu registos fotográficos e relatos desse tempo. Este mural trouxe-nos também um bom desafio à nossa criatividade, porque queríamos que esta obra marcasse a tradição da malha do pão e de todas estas tradições”.
Praia Fluvial do Malhadal (6,1 km) – via CM 1172
Instalada numa represa, a praia fluvial do Malhadal é a ideal para quem aprecia espaços amplos e calmos. Com corrente constante durante todo o verão, dispõe de caiaques e gaivotas para aluguer, piscina flutuante com espaço para crianças e o Fluvifun – Parque Aquático do Malhadal, um equipamento diferenciado composto por diversos insufláveis. Nas imediações encontra-se uma ponte filipina bem preservada e diversas azenhas. A abundância de carpas, barbos e bogas tornam o local ideal para os amantes da pesca e tem também boas condições para a organização de atividades para grupos. Para melhor conhecer as imediações desta albufeira e a vizinha aldeia da Cabrieira, pode percorrer os quase dois quilómetros de trilho de praia.
Cruzeiro de Proença-a-Nova (7,8 km) – via IC8
É um dos muitos miradouros do concelho, permitindo vistas desafogadas sobre a Vila de Proença-a-Nova, a Serra das Talhadas e o imenso território de floresta, salpicado por pequenas aldeias, que se estende até ao Alto Alentejo e Ribatejo. O Cruzeiro marca o fim da via sacra, que começa na Igreja Matriz de Proença-a-Nova, num percurso que pode ser feito a pé pelas várias estações.
Proença-a-Nova (8,6 km) via IC8
A escultura de Carlos Farinha no Largo da Devesa materializa uma versão renovada da lenda da Cortiçada, o primeiro nome da vila de Proença-a-Nova, e mostra quatro figuras humanas apoiadas entre si, sendo que a última segura um cortiço: a figura de baixo, mais forte e mais estruturada, sustenta as gerações que o seguem e os beirões são assim mesmo, resilientes. A mulher que que faz a ligação entre todos e tudo; em cima está a criança que tem o cortiço, mas o cortiço pode ser aquilo que quisermos, é o sonho da criança; e o todo simboliza a entreajuda do povo.
Proença-a-Nova é uma das doze vilas do Grão-Priorado do Crato, juntamente com as vigararias de Crato, Amieira do Tejo, Sertã e Belver, uma povoação localizada entre as ribeiras do Alvito e da Isna, tendo-se chamado originalmente “Cortiçada” e, mais tarde, “Vila Melhorada”. O primeiro foral dado a Proença-a-Nova data de 1282 pelo Prior da Ordem do Hospital Frei Rodrigo Egídio. D. Manuel I reformou todos os forais, cabendo o «Foral Novo» a Proença-a-Nova em 1512. A justificação do nome “Cortiçada” está relacionada com a abundante produção de cortiça e elevado número de colmeias (também chamados cortiços) que, em tempos, foram de grande importância na região.
Essa designação conservou-se durante algum tempo, mas em fins desse século já ninguém falava em Vila Melhorada, passando então a designar-se de Proença-a-Nova. Pedro da Fonseca é uma das figuras mais importantes da história do concelho de Proença-a-Nova. Devido ao seu vasto conhecimento, perspicácia e ao forte poder de argumentação, ganhou o título de Aristóteles Português. Em 1570 recebeu, em Évora, o grau de Doutor (ato a que assistiram El-Rei D. Sebastião, o Cardeal D. Henrique e o Príncipe D. Duarte). Pouco depois foi mandado para Roma onde chegou a conselheiro do Papa. Regressando mais tarde a Portugal, trouxe consigo uma relíquia do Santo Lenho, um pedaço da cruz de Cristo crucificado, recebida pelos seus préstimos enquanto conselheiro do Papa Gregório XIII em Roma, o qual doou à Santa Casa da Misericórdia em 1588, bem como o terreno para a construção da Capela da Misericórdia. É uma capela pequena, sem grandes pretensiosismos, mas muito delicada, concentrando em si a nave central, o altar-mor, o púlpito e o coro alto. Tem no altar-mor, em talha de madeira pintada e dourada – lembrando o barroco oitocentista, um sacrário de pedra dentro do qual existe um outro de charão onde se encontra a relíquia do Santo Lenho. Na parede lateral direita está exposto um quadro com uma cena do Calvário de Cristo, pintado pelo Mestre do Sardoal (séc. XVII). O Santo Lenho tornou-se então num símbolo de culto e fé, ao qual a população pedia proteção em situações de intempéries, secas, pragas e outras doenças e originou peregrinações ao artefacto. A Misericórdia de Proença-a-Nova expõe anualmente o artefacto nesta capela no dia de Santa Cruz, a 3 de maio. Este dia foi durante anos feriado municipal, mantém-se, no entanto, a feira anual e a devoção que faz parte da história e da cultura do concelho.
Até 1623 não há registos de serviços de saúde em Proença-a-Nova, a não ser os barbeiros ou curandeiros. “Em 1623 a Santa Casa da Misericórdia contratou dois barbeiros para sangrar e outras coisas mais”, lê-se na Monografia do Concelho de Proença-a-Nova do Padre Manuel Alves Catarino. O primeiro médico em Proença-a-Nova foi Gregório Barbosa em 1624, de acordo com a mesma fonte.
As comunicações eram praticamente inexistentes, podendo afirmar-se que até 1879, Proença-a-Nova esteve isolada do resto do país. Nesse ano construiu-se a Estrada nº 12-1ª, de macadame, que vinha da Sertã ao encontro da Estrada n.º 10 (de Abrantes a Castelo Branco) juntando-se perto do lugar de Vale D’urso. Em seguida abriram-se diversos caminhos entre as povoações do concelho e construíram-se novos pontões sobre as ribeiras de maior caudal. Os Correios, em fase de grande expansão, também se regularizaram. A primeira medida nesse sentido surgiu em 1833 com a nomeação de um estafeta para a Sertã, encarregado de fazer uma expedição semanal às terças-feiras. Em 1881 foi feito um pedido para um lugar de carteiro, o serviço permanente de mala-posta e a instalação da rede telegráfica. Esta veio a ser instalada em primeiro lugar, no ano de 1889, e a estação de correio no início do século XX.
O bairro mais dinâmico da vila foi a Devesa. Para além da capela do Espírito Santo, situada no Largo, e da Capela de S. Sebastião situada junto ao parque das feiras, era neste bairro onde se realizavam as feiras, era lá que estava o Posto da GNR, o Centro de Saúde, a padaria, a casa da música e o teatro, o matadouro, a central elétrica, os lavadouros públicos, a fonte das três bicas, o relojoeiro e a loja do caixeiro, uma das mais antigas casas comerciais da vila. A Devesa era também o local onde se realizavam as festas. Outro bairro característico era o Outeiro, junto à Igreja Matriz, onde moravam essencialmente pessoas com fracos recursos económicos, mas com personagens que ainda hoje fazem parte da memória dos habitantes.
O ano de construção da Igreja Matriz não é o mais consensual. Sabe-se que a mesma sofreu com o terramoto de 1755 tendo sido alvo de grandes modificações e acrescentos ao longo dos tempos. Permanecem erguidas as colunas de granito, o púlpito e a cruz de malta sobre o arco da entrada principal, evidenciando a sua antiguidade, que parece remontar a finais do séc. XVI / princípios do séc. XVII. A partir de 1810 o adro do lado Norte serviu também de cemitério. Mais tarde, em 1855 a família Telo da Fonseca doou a sua capela de S. João Baptista, que era contígua à Igreja, para nela ser colocado o S. Sacramento. Apesar de o feriado municipal ser o dia de Santo António, 13 de junho, a padroeira de Proença-a-Nova é Nª Srª da Assunção.