O que fazer
Até 20 quilómetros
Centro Ciência Viva da Floresta (14 km) via IC8
O Centro Ciência Viva da Floresta, em Proença-a-Nova, é parte integrante da rede nacional de vinte e um Centros Ciência Viva distribuídos por todo o país e que surgem como um dos eixos de atuação da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica (Ciência Viva), criada em 1996 para promover a cultura científica e tecnológica na sociedade portuguesa.
Os Centros Ciência Viva são espaços interativos de divulgação científica e tecnológica, que funcionam como plataformas de desenvolvimento regional – científico, cultural e económico – através da dinamização dos atores regionais mais ativos nestas áreas. Aberto ao público em 21 de julho de 2007, o projeto do Centro Ciência Viva da Floresta parte da conceção da floresta como fonte de conhecimento, sublinhando a necessidade da atualização contínua do conhecimento científico para uma gestão eficaz do meio ambiente, bem como a sua valorização como um elemento central da cultura científica contemporânea.
Partindo da premissa que “sem ciência não há cultura”, oferece aos cidadãos experiências e recursos para incorporarem a ciência na sua cultura e assim capacitá-los para compreenderem o mundo em que vivemos. O Centro é privilegiadamente um local onde é possível tocar, experimentar, descobrir, imaginar e aprender, com iniciativas para miúdos e graúdos.
Anta do Cão do Ribeiro em Vale das Balsas (15,1 km)
Esta é uma sepultura pré-histórica coletiva, com aproximadamente 5000 anos, de câmara poligonal, corredor e átrio definidos por lajes de xisto colocadas em posição vertical e envolvida por montículo de argila de configuração circular. Identificada na primeira metade do séc. XX pelo arqueólogo alemão Georg Leisner, a escavação arqueológica executada em 2012 (e autorizada pela Direção Geral do Património Cultural) revelou alguns artefactos, com destaque para ferramentas em pedra lascada e em pedra polida. Os trabalhos foram orientados pela AEAT (Associação de Estudos do Alto Tejo) com o apoio e acompanhamento do Município de Proença-a-Nova. Uma das formas de visitar esta Anta é realizando o passeio pedestre PR1 – A História Na Paisagem, com início e fim na Igreja das Moitas.
Miradouro Geomorfológico das Corgas (15,4 km) vai EM 529-2
O miradouro geomorfológico das Corgas estende-se no dorso das montanhas, por entre a urze e a giesta. O olhar alcança dezenas de quilómetros até à curiosa forma da Serra das Talhadas, que materializa a megadobra em U – o Sinclinal do Ródão. É um dos pontos de passagem da GR39, na etapa entre as aldeias de Corgas e Oliveiras.
Sobreira Formosa (18,1 km)
As histórias e estórias sobre a toponímia de Sobreira Formosa cruzam-se entre lendas e factos históricos. De acordo com os alunos da turma de jornalismo do polo de Sobreira Formosa da Universidade Sénior, há pelo menos duas lendas relacionadas com a origem do nome: a primeira diz respeito à existência de uma sobreira grande no adro da Igreja Matriz e que servia de ponto de encontro no dia a dia. Em 1956, num documento da Casa do Povo, citado por Maria Assunção Vilhena, refere-se à existência de uma tradição transmitida de geração em geração que diz que o nome da freguesia provém dessa mesma sobreira: “mais frondosa e formosa que a outra servia de abrigo (da chuva no inverno e do sol no verão) aos transeuntes”. No entanto, a estória mais conhecida é a lenda das tecedeiras, que atualmente está retratada no painel instalado no muro exterior da Casa do Povo, da autoria de Cavalheiro Cardoso e Sílvia Mathys. Num belo dia, três graciosas raparigas fiavam delicadamente, gozando da sombra de um sobreiro, quando passou um homem que ficou deslumbrado com a beleza das tecedeiras e do local. O caso ficou conhecido e pela repetição das palavras “formosa” e “sobreira” originou o nome da vila.
O foral de Sobreira Formosa é mais antigo do que o de Proença-a-Nova, embora alguns historiadores discordem quanto à data da sua concessão. O Pe. Manuel Alves Catharino refere que o primeiro foral foi concedido por D. Gil Sanches, filho do rei D. Sancho I, em 1212, embora haja quem refute a autenticidade deste facto. O foral oficial terá sido atribuído por D. Constança, filha bastarda do mesmo rei, em 1222, a Vila Nova. Há ainda referência a um foral atribuído a Sobreira Finosa por D. Manuel em 1-6-1510. Em 1835 pertencia ao julgado da Sertã e distrito de Santarém; só em 1842 é que passou para Castelo Branco, deixando de ser concelho em 1855, quando integrou o de Proença-a-Nova. O edifício onde funcionou a Câmara Municipal, já bastante alterado, localiza-se na praça e foi vendido em hasta pública, por volta de 1890. No lugar onde está presentemente um ulmeiro (classificado de Monumento Vivo de Interesse Público) esteve outrora um Pelourinho do qual se desconhece o paradeiro.
O comércio era a atividade característica dos habitantes da vila, possuindo grandes casas comerciais, como as de Bernardino Ferreira e Filhos, Bernardo Ferreira e Filhos ou Bernardino Laia. Na rua do Comércio “era porta sim, porta sim”. Os comerciantes abastados davam emprego às pessoas da vila, tinham criados internos, em muitos casos um para o verão e dois para o inverno. Como curiosidade, o atual restaurante “29”, anteriormente designado de “Retiro do Motorista”, mudou de nome porque desde o centro da vila até chegar a este estabelecimento existiam 28 tabernas. Quase todas as pessoas tinham um pequeno comércio no rés do-chão da casa, com abertura para a rua onde se vendia o vinho, a aguardente, a jeropiga ou refresco, tudo o que se produzia.
Atualmente o comércio perdeu o fulgor de outros tempos, mas mantém-se em vigor o decreto publicado em 1973 que ditou a abertura do comércio aos domingos e feriados e o dia de descanso à segunda-feira. As feiras e mercados também tinham grande importância na região, destacando-se a feira da melancia e de gado, recebendo vendedores de toda a região centro e onde se arranjavam casamentos: os pais traziam os filhos em idade de se casar e assim negociavam-se os bois e prometiam-se os filhos. O local das feiras deixou a zona da Devesa e ruas circundantes e passou para o Parque de Feiras S. Bernardo, em Ribeiro de Gomes, desde 2013.
A indústria era outro motor de riqueza de Sobreira Formosa. A fábrica dos rebuçados S. Tiago ainda hoje é lembrada pelos habitantes, assim como a antiga Fábrica Cotovia (1950-1974), da firma Mattos & Carvalho, Lda, que transformava azeitona, com exportações para Angola e Moçambique e onde chegaram a trabalhar cerca de 60 pessoas: a empresa tinha casas alugadas para albergar os seus trabalhadores. A recuperação do complexo fabril inclui um prédio de dois pisos, onde está instalado o Polo da Biblioteca Municipal e o Museu Isilda Martins, e um segundo edifício – dos Fortes e Baterias – que funciona como sala polivalente. No exterior, diversos módulos contextualizam o papel do concelho durante as Invasões Francesas.
O edifício da Escola Primária foi construído pela Junta de Freguesia por volta de 1920. À sua frente, o grande largo da Devesa serviu de recreio para os alunos, até à transferência destes para uma nova escola, por volta de 1980. Neste espaço passou a funcionar a Telescola e o Instituto S. Tiago até à mudança deste para as novas instalações. Desde 2012 alberga o Espaço Ribeiro Farinha, com espólio de escultura e pintura do autor, natural da Figueira, em exposição permanente.
Criada por alvará de 3 de fevereiro de 1938, a Casa do Povo só em 8 de dezembro de 1956 teve sede própria. Aqui passou a haver um posto e consultório médico com material necessário para pequenas cirurgias. Paralelamente, a Casa do Povo dava um apoio valioso à promoção da cultura na região, desde o teatro ao cinema, bem como para todas as atividades relacionadas com as escolas. Dava ainda apoio ao Grupo de Danças e Cantares de Sobreira Formosa, criado em 1979. Atualmente acolhe a Creche da Santa Casa da Misericórdia.
A cultura em Sobreira Formosa teve muitas iniciativas sociais: os estatutos do Sport Club Sobreirense datam de 1930, uma associação criada para promover jogos desportivos, leituras instrutivas, espetáculos de música, saraus e bailes; o primeiro espetáculo do Grupo Dramático Sobreirense aconteceu a 25 de abril de 1943, ensaiado por Bernardo Franco de Matos, na Casa de Espetáculos da Devesa; para atuar nos intervalos do teatro foi criada o grupo de Jazz Sobreirense. O seu regente foi Henrique Imperial, o mesmo da Filarmónica Sobreirense. As touradas representaram outro marco importante na história da localidade, com consequências nem sempre felizes, mas com um objetivo mais nobre: no final, o boi era repartido pelas famílias mais pobres.
A vila tem muito património, como o cruzeiro junto à Igreja Matriz, que atesta a fé das gentes, fontanários e chafarizes e duas fontes (consideradas mais emblemáticas): a de Santa Ana, atrás da capela com o mesmo nome, e a da Urgueira, na rua da Casa do Povo. A 23 de agosto de 1975, quando entraram pela primeira vez na renovada Igreja Matriz, que tem como orago S. Tiago Maior, os habitantes tiveram de habituar-se a reorientar o olhar para o altar-mor. As obras de remodelação duplicaram a área da nave e mudaram a organização interna do espaço, mas a fachada principal manteve-se, o que introduziu uma orientação pouco habitual nas igrejas: quem entra tem o altar-mor à sua esquerda. Assinado pelo arquiteto Geraldes Cardoso, a obra custaria três mil contos, tendo o Estado contribuído com 500 contos. A maior parte do valor necessário foi reunido graças à ajuda de todos os sobreirenses.
A capela da Misericórdia é tida como a mais antiga da vila: no centro do arco da entrada está inscrita a data de 1558, mas não é certo que seja exata e que o edifício tenha servido como capela desde a sua origem. Paredes meias encontra-se uma velha construção, identificada em documentos antigos como albergue, e que acolheu um pequeno serviço hospitalar: em 1958 o médico Abílio Tomé restaurou a velha casa e fez duas enfermarias, com um total de seis camas. A sua morte, em 1970, ditaria o encerramento do pequeno hospital.
O povo recorria a Santa Ana quando a falta de chuva começava a causar preocupações na agricultura. A imagem era levada em procissão da capela, situada ao lado do edifício da Junta de Freguesia, enquanto o sacerdote rezava a ladainha a que o povo se associava. Recuperada em 2010, a pequena capela recebe missa no local a 26 de julho, consagrado como dia dos avós. No século XIX e início do século XX, a capela de Santo António era palco de grandes festas, retomadas em 1978. Também em honra de São Sebastião se faziam, no século XIX, grandes festejos que incluíam fogo-de-artifício. A festa e a feira realizaram-se muitos anos no mesmo dia – 20 de janeiro.
Em 2011, Sobreira Formosa registava 529 habitantes, um número longe dos 949 registados nos anos 40 e dos 929 dos anos 60. Hoje prevalecem as memórias das brincadeiras da infância, como o jogo da tala, a bilharda, o fito ou o jogo da bandeira, e o património edificado que servirá para preservar a memória dos lugares e das histórias a eles associadas.
Aldeia do Xisto da Figueira (18,2 km)
Junto ao forno comunitário da Figueira, o cheiro a pão quente espalha-se pelas estreitas ruas em volta. Na parede de xisto ao lado da porta do forno, mantém-se o sistema original de marcações em que as famílias selecionavam o dia em que queriam cozer o pão. O forno era o coração da aldeia e volta hoje a dinamizar o projeto de revitalização, em articulação com a rede das Aldeias do Xisto. Todas as semanas pão e broa frescos saem do forno para as prateleiras da Loja da Aldeia, onde podem ser encontrados outros produtos regionais. No piso superior da loja, o restaurante proporciona uma viagem pelos sabores tradicionais.
Com apenas três dezenas de moradores, a aldeia é o destino ideal para quem gosta da vida comunitária e de escavar memórias e tradições de outros tempos. A estrutura peculiar da Figueira ajuda a perceber a sua história, da qual o lobo é um dos protagonistas. A disposição das ruas – uma longitudinal e várias transversais – formava um conjunto de entradas, das quais ainda hoje subsistem vestígios. Durante a noite, as entradas eram fechadas com portas, de modo a que toda a população e os animais domésticos ficassem protegidos do ataque dos lobos.
Museu Isilda Martins (19,4 km)
A história deste núcleo etnográfico cruza-se com a do Grupo de Danças e Cantares de Sobreira Formosa, fundado em 1979. Foi por iniciativa da diretora técnica do grupo, Isilda Martins, que se iniciou a recolha de objetos de uso quotidiano, vestuário, alfaias agrícolas e outros utensílios entretanto organizados de forma a recordarem aos visitantes memórias da vida no concelho, particularmente na primeira metade do século XX.
Inaugurado a 19 de fevereiro de 2012, o museu oferece a possibilidade de marcações para visitas guiadas e para projeção dos dois documentários disponíveis – um relativo ao ciclo do linho e outro sobre a recolha de resina, duas das atividades que no passado tiveram forte expressão no concelho. Três dos sete núcleos em que está organizado contemplam atividades ligadas à agricultura e floresta, enquanto nos restantes quatro são recordados espaços centrais da casa e ofícios tradicionais – como o sapateiro, o ferreiro ou a modista.
Existe ainda um módulo expositivo que contempla o vestuário e algumas peças que se destacam pela antiguidade ou pela curiosidade. Exemplo disso são a meada galega, que servia para curar o “estrepasso” das crianças, as ventosas usadas para tratamento de pneumonias ou dois relógios de sol de bolso com mais de um século.
Moinho de Vento do Pergulho (19,9 km)
Os moinhos eram uma das estruturas mais comuns de património comunitário, a par com os lagares de azeite, localizados junto às ribeiras que atravessam o concelho ou nos pontos mais altos para aproveitar o vento. Normalmente eram propriedade de privados, mas com utilização alargada a quem possuísse um quinhão – uma parcela de tempo – que depois era passada em herança aos descendentes. Com a introdução de maquinaria mais rápida e o fim da maior parte da agricultura intensiva, a maior parte deste património deixou de ser utilizado e está em ruína. No Pergulho foi recuperado um moinho de vento, permitindo recuperar um pouco da história associada a este tipo de construções.